Ele pegou a mão dela com delicadeza. Estavam encurralados, morreriam ou seriam atirados a uma cela cheia de ratos. Era sua culpa, ele que havia dito que poderiam pegar a rodovia com o baú de munição. Mesmo assim, não se importaria de terminar seus dias com ela, nem que fosse sob uma geada de balas.

Virou-se para a garota e ficou abrindo e fechando a boca durante algum tempo, tentando dizer o quanto ela significava, especialmente depois de tudo que já haviam passado juntos. Já haviam matado, roubado, juntos. Não importava o que acontecesse, desde que estivessem juntos.

O carro começou a morrer, já que na falta da gasolina colocaram uma ou duas garrafas de uma bebida barata. Então ele sentiu que não havia mais nada a ser feito, o máximo que poderia fazer era se provar para ela. Desceram do carro e começaram a correr naquele deserto infernal.

Oh, como queria dizer tudo que ela significava, queria ser sincero daquela vez... Dias e noites passados juntos, cúmplices, amantes, apaixonados. Um pequeno floco de neve caiu sobre seu nariz e ele ergueu os olhos. Estava nevando no deserto, e em breve eles congelariam

Correriam até o fim, até que caíssem sobre a piscina feita com seu próprio sangue. Mostrariam a todos eles o quanto significavam um para o outro, quase congelando, correndo, até o fim de tudo.

Tudo que eram, eram balas. Eram sangue. Eram vidas perdidas que se encontraram e formaram uma só.

E então ouviram os tiros. Olharam para trás e viram o chumbo vindo rapidamente em sua direção. Ele apertou a mão dela com mais força. Aquelas balas passariam por seus fantasmas para sempre.

Todos aqueles anos eles haviam sido espantalhos que serviam de combustível para o fogo. Fogo... Como o chumbo queimava em sua pele. Eles iriam queimar para sempre.

E mais uma vez, ele queria mostrar que ela era a única, assim como uma jazida de rosas, mas não podia. Havia uma dúzia de razões naquela arma.

Todos os barulhos cessaram e eles se sentiram caindo. A areia do deserto se tingira de vermelho, formando uma piscina de sangue. Do chão, dentro da piscina vermelha e de mãos dadas, ele olha nos olhos dela. Iria dizer que ela era única e que significava tudo para ele durante toda a eternidade, nem que ardessem nas chamas do inferno. Não deveria queimar tanto quanto as balas penetrando suas peles.

Baseada na música Demolition Lovers da banda My Chemical Romance

Escrito por: Daniele Sant' Helena