O sinal tocou e todos ocuparam seus lugares. Ele, mais uma vez, a olhou. Nossa, como estava linda naquele dia... Sentada ali, de pernas cruzadas com o All Star preto e vermelho apoiado na cadeira... Uau, era hipnotizante, ele não conseguia desviar o olhar.

Ela se virou e o flagrou olhando. O garoto tentou balbuciar alguma coisa durante algum tempo, mas depois percebeu os olhos dela. “A distância não importa”, diziam, mas ela parecia distante demais com aquele olhar perdido na janela. O que estaria pensando?

Ao se virar e tentar prestar atenção na aula, ele viu que não era a mesma coisa. O lado em que ela estava parecia colorido, um arco-íris em uma sala de aula. Quando se voltava para o professor e para o quadro-negro, tudo virava cinza. Seu coração se tornava cinza.

Ele se imaginava novamente voltando para casa e vendo o rosto dela sorrindo, contando-lhe que tivera um ótimo dia... E o garoto também, ganhava seu dia apenas por ver o brilho sincero no rosto dela.

Mas não seria assim. Ela agora era tão fria, cortante, uma lâmina. E, a cada dia que passava, os cortes no peito dele se aprofundavam. Ao se lembrar daquele dia em que ela ligou, sentiu-se exatamente como no momento. Ao atender o telefone e percebeu que era ela, seu coração parou de bater. Quando ela desligou, seu pequeno coração não queria parar de sangrar.

Nossa, ela estava tão linda naquele dia... Mas, ela estava sentada do outro lado e... Ele já estava vendo coisas. Vendo o rosto dela em todos os lugares.

Ah, como sentia falta de acordar ao lado dela, sentindo o perfume delicado de mulher... Era o que ele mais sentia falta. Mais uma vez, os olhares dos dois se encontraram. Os olhos dela pareciam o absorver, hipnotizar, o prendiam como mais nada conseguia. Como ele queria poder ficar ali...

Então se lembrou de que a culpa era sua. Era o preço que ele deveria pagar por ter dito que seria eterno e por tê-la feito chorar como louca por dias seguidos. Mas algumas vezes, ele voltava para casa com a esperança de que nada daquilo realmente tivesse acontecido e que ela estaria lá para tocar-lhe o rosto. Somente o pensamento de ela estar lá o fazia se sentir melhor. Quando finalmente se deu conta de seu erro, sabia que mais nada poderia ser feito, teria que conviver com aquilo. E ele não suportava.

E, a cada dia que passava sem ela ao seu lado, era como lâminas que perfuravam sua carne, seu coração... Mas ele podia esperar. Ele podia esperar para sempre.

Baseada na música I Can Wait Forever da banda Simple Plan

Escrito por: Daniele Sant' Helena